terça-feira, 6 de outubro de 2015

Polícia Federal investiga ‘máfia’ do Bolsa Família no AM

Matéria de A Crítica
Operação deflagrada pela Polícia Federal investiga esquema de desvio de benefícios de indígenas na região do Alto Solimões 

Nos últimos dois anos, o adiamento de repasses afetou o pagamento do Bolsa Família e de benefícios trabalhistas, como seguro-desemprego e abono salarial
Vítimas contaram que não acompanhavam a movimentação da conta e que a ‘máfia’ tinha o apoio de casas lotéricas (Reprodução/Internet )
 
A Polícia Federal deflagrou uma operação para combater a máfia que retém cartões do Programa Bolsa Família em parte dos municípios do Alto Solimões, no Sul do Amazonas. Ao longo da ação, agentes federais apreenderam cartões de beneficiários indígenas do programa social, que estavam em poder de nove comerciantes no Município de Atalaia do Norte, a 1.353 quilômetros de Manaus.
 A polícia recolheu ainda diversos documentos que podem colaborar com as investigações, entre eles anotações de vendas, registros de senhas, cadernos de apontamentos de dívidas, comprovantes de saque e extratos bancários. Famílias que eram vítimas do esquema contaram que não acompanhavam a movimentação da conta e que a “máfia” tinha o apoio de casas lotéricas.
Esquema
 O presidente da Associação dos Kanamaris na Terra Indígena  do Vale do Javari, Varney  Tavares Kanamari, conta que os comerciantes inflacionam os preços dos produtos alimentícios para garantir o controle sobre os “parentes” que moram nas aldeias e afirmam que eles mantêm os cartões retidos como garantia do pagamento das dívidas.
De acordo com as investigações, além de entregar os cartões, as famílias também davam as senhas para os comerciantes. Eles mesmos retiravam o dinheiro do benefício e acompanhavam a movimentação das contas das famílias.  Um dos líderes do movimento indígena da região, Beto Marúbo, diz que os programas sociais não entra nas aldeias e avalia que isso incentiva a migração das famílias do Território Indígena do Vale do Javari para a região urbana em Atalaia do Norte.
Passo seguinte
Segundo o delegado federal Vinícius Ferreira, coordenador da operação, o próximo passo será ouvir os comerciantes supostamente envolvidos nos crimes. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Federal do Município de Tabatinga, a 1.105 km de Manaus.
Os acusados poderão ser indiciados e podem responder por processo de crimes de estelionato em detrimento de instituições financeiras, apropriação indébita e furtos.
Investigados
Outros municípios que têm predomínio de população indígena também serão investigados. A PF informou que vai coibir essa prática, que desvirtua totalmente a proposta do programa social. Os indígenas vítimas do grupo serão ouvidos.

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