quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

34 ª FESTA DO GUARANÁ: LENDAS E MITOS CONTAM A ORIGEM DOS SATERÉ



Josene Araújo

Rafael Michiles
Foto: Fernando Cavalcante

Comparados a um espetáculo a céu aberto, as lendas e mito do Guaraná, que contam a origem do povo Sateré, ganham a cada ano elementos que engrandecem a gênese. Os grupos Maraguás, Porantim e CDM encenam a ópera, onde os atores e bailarinos contam a história unindo gestos, dança contemporânea e mitologia indígena, acompanhados por uma trilha musical diferenciada, feita ao vivo com elementos musicais rústicos feitos de material encontrado na natureza e que dão vida aos atos apresentados. Os grupos se apresentam na noite de sexta-feira (29) na Festa do Guaraná.
A versão Cereçaporanga é narrada pelo grupo Porantim. Essa é a versão tradicional, contada pelo escritor Homero de Miranda Leão, no poema A Lenda do Guaraná, apresentada desde o início da festa, há 37 anos. Ao longo do tempo vem sendo adaptada e adquiriu caráter profissional, sendo apresentada desde 2004 pelo grupo.
Uma das mais belas versões da origem do guaraná é narrada na versão Cereçaporanga - a história do romance proibido entre uma bela índia Sateré e um guerreiro Mundurucu, que fogem em nome do amor, causando fúria na tribo. A partir daí desencadeia-se uma sucessão de fatos espetaculares, que falam da vida e da cultura dos Mawés. Desse amor desfeito, nasceu o guaraná dos olhos da índia castigada com a morte.
Com 60 pessoas no elenco, entre dançarinos, figurantes e músicos, o Porantim ensaia há 2 meses para encenar sua versão, com preparação de elenco, laboratório e triagem de bailarinos. Para Djalma Cardoso, diretor da lenda, essa versão é a mais tradicional da cultura mauesense e da festa. “A figura de Cereçaporanga está tão enraigada na história da festa, que as rainhas do Guaraná representam a índia lendária, por exemplo.”, defende.
A versão ancestral da origem do Guaraná, relatada pelos tuxauas mais antigos de tribo Sateré Mawé é contada pelo Maraguás e fala da existência de uma sacerdotisa (Onhiamuaçabe) que em contato com uma serpente encantada, dá origem a um menino odiado pelos tios invejosos e morto pelos guardas do Noçokém “lugar encantado”. A mãe eterniza o filho, metamorfoseando-o em frutos do Warana Cece e Warana Saãg (falso). O filho ressuscita, dando origem a tribo Sateré.
Apresentado pela primeira vez em 2008, essa versão foi resgatada em 2009. O Maraguás conta com 70 pessoas no elenco, dançarinos, músicos, coreógrafo e equipe de apoio. O grupo trabalha desde 2008 com a história do guaraná, valorizando o talento da juventude mauesense.
Alcinei Pimentel destaca para a apresentação na festa, o resgate de rituais antigos, como o alucinógeno Paricá, extinto no século XVII.
“Essa versão é relatada desde os tempo imemoriais até o período contemporâneo pelo povo Sateré. Essa é a lenda que vem da tribo”, afirma.
Seguindo a mesma linha, o CDM reafirma essa história, sendo baseado em um conto do escritor parintinense Simão Assayag, misturando a crença e costumes Sateré, sofrendo adaptações. Dos olhos do curumim plantados pela mãe, nessa versão, é que brotou o guaraná.
Apresentada desde 2007, a Lenda do Curumim é encenada por 43 pessoas e já foi apresentada duas vezes no Teatro Amazonas, sendo também a lenda campeã do 1º Concurso de Lendas, há dois anos. Marquinho Moreira, fundador e diretor do CDM, aposta na emoção para surpreender o público. “O foco do CDM sempre foi inovar e emocionar, com cuidado em se manter fiel ao contexto histórico”, diz. O grupo vem ensaiando há 3 meses para cumprir essa promessa.
As Lendas e Mito do Guaraná são divididas em 3 atos, onde cada grupo defende sua versão, com apoio da Prefeitura de Maués, através da Secretaria de Cultura e Turismo. A apresentação acontece na 2ª noite da 34ª Festa do Guaraná.

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