sábado, 24 de agosto de 2013

Presidente e ex-presidente do fundo previdenciário apresentam números diferentes sobre a situação financeira do órgão

 

Edson Nogueira Júnior, e a ex-presidente do fundo, Danielle Lima Leite, divergiram ontem sobre a real situação financeira do ManausPrev

Ex-presidente Daniele Leite afirma ter deixado R$ 623 milhões em caixa, enquanto o atual presidente diz que herdou prejuízo
Ex-presidente Daniele Leite afirma ter deixado R$ 623 milhões em caixa, enquanto o atual presidente diz que herdou prejuízo (Juca Queiroz)
O presidente do Fundo de Previdência de Manaus (ManausPrev), Edson Nogueira Júnior, e a ex-presidente do fundo, Danielle Lima Leite, divergiram ontem sobre a real situação financeira do ManausPrev, que investiu mais de R$ 130 milhões nos extintos bancos BVA e Rural. O ManausPrev é o fundo que garante os pagamentos das aposentadorias dos servidores da Prefeitura e da Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Edson Nogueira afirma que o fundo de previdência está com um prejuízo de R$ 140 milhões em aplicações de Fundos de Investimento em Direito Creditório (Fidc) e Certificado de Depósito Bancário (CDB) do Banco BVA e mais R$ 3 milhões perdidos em CDB do Banco Rural. Danielle Leite contesta os valores apresentados por Nogueira e afirma que não haverá perdas para o ManausPrev.
A divergência dos dois gestores ocorreu na audiência pública realizada ontem na CMM a convite dos vereadores Waldemir José (PT) e Mário Frota (PSDB) por meio da Comissão de Serviços Públicos. A comissão é presidida pelo vereador Felipe Souza (PTN).
“O rombo que eles afirmam existir a cada hora é um número diferente. Era R$ 33 milhões, um de R$ 58 milhões e outro de R$ 54 milhões. Chegou até um rombo de R$ 300 milhões. Eu confesso a vocês que até hoje não consegui entender onde chegou esse valor. Eu nunca fiz aplicações em fundos podres”, disse Danielle Leite. Sobre o valor que será resgatado pelo ManausPrev do extinto BVA, a ex-presidente disse que “não sabe, mas alguma coisa vai voltar desses investimentos”.

Carência
De acordo com Edson Nogueira, as aplicações financeiras feitas pela ex-gestora nos bancos falidos comprometeram 25% da carteira de investimentos do ManausPrev. “Nós temos investidos R$ 430 milhões. Ou seja, foram investidos diretamente no BVA praticamente 25% da nossa carteira de investimentos. Se eu precisar de dinheiro hoje, eu não vou ter esse dinheiro por causa dos prazos de carência e de cotização”, afirmou o presidente do fundo.
Daniele Leite afirmou ter deixado o ManausPrev com R$ 623 milhões em caixa e defendeu os investimentos no Banco BVA mostrando documento assinado pelo auditor da Receita Federal, Narlon Nogueira, que em auditoria interna no fundo “não encontrou nenhum fato atípico relativo às aplicações realizadas pelo ManausPrev nesses Fidc fechados”, escreveu o auditor.
“Esses fundos eram homologados pelo Banco Central e todas as empresas de rating (classificação de risco) diziam que os fundos tinham risco baixo de crédito. Agora, é muito fácil, depois que há uma intervenção e liquidação, todo mundo dizer pra mim, por que não aplicamos em outro fundo? Se nós tivéssemos bola de cristal, talvez tivéssemos feito outras aplicações”, disse Daniele Leite.

Petistas vão ao MPE contra ex-gestores
O líder da oposição na Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador Waldemir José (PT), disse que na próxima semana, após receber cópias dos documentos apresentados tanto por Danielle Leite e Edson Nogueira, entrará com representação junto ao Ministério Público (MPE) pedindo investigação das acusações levantadas durante a audiência pública.
“Não ficaram claras quais foram as punições que podem ser aplicadas aos responsáveis por esse prejuízo causado ao dinheiro da previdência dos servidores públicos municipais. Além disso, existem várias questões que precisam ser esclarecidas, como: quanto de fato é o volume de recursos perdidos nas aplicações desses fundos?”, questionou Waldemir José.

Contas aprovadas
Em defesa dos quatro anos que passou à frente do ManausPrev, a ex-presidente Danielle Leite, esposa do deputado estadual Sidney Leite (DEM), afirmou que todas as suas contas foram aprovadas pelos Conselho Fiscal e Conselho de Previdência do fundo.
“Tenho um parecer da atual administração aprovando o balanço financeiro de 2012. Pela primeira vez eu estou tendo oportunidade de falar e de dizer o que eu fiz e o que eu deixei no ManausPrev. O conselho atual de previdência aprovou minhas contas. O conselho fiscal, do qual faz parte o atual secretário de Finanças, Senhor Ulisses Tapajós, aprovou minhas contas. E ele foi aos jornais dizer que eu deixei uma dívida de R$ 300 milhões”, disse.
TCE ainda não julgou
O atual presidente do ManausPrev, Edson Nogueira Júnior, minimizou o fato dos conselhos Fiscal e Previdenciário do município terem aprovado as contas da antecessora dele. Ele afirmou que apenas o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) emite a última palavra sobre esse assunto.
“Com relação às aprovações da contabilidade pelo Conselho Fiscal e pelo Conselho de Previdência é importante salientar que esses conselhos não têm competência para aprovar contas. O órgão de controle que aprova contas, se chama Tribunal de Contas do Estado. Esses conselhos aprovam lançamentos contábeis. Se tudo foi lançado corretamente no sistema, será aprovado”, disse Nogueira.

Fonte: A Crítica

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente essa matéria.Comentários alheios ao assunto ou que agridam a integridade moral das pessoas, palavrões, desacatos, insinuações, serão descartados.

SIGA ESTE BLOG