segunda-feira, 25 de junho de 2012

MAUÉS, 179 ANOS - MINHA HOMENAGEM


MAUÉS, PAIXÃO SEM FIM

Aprendi desde os primeiros momentos de minha vida; amar, admirar e respeitar a minha terra. O nosso casamento é marcado por cumplicidades recíprocas e aceitáveis. Deus foi bondoso comigo, me deu uma família maravilhosa, bem estruturada e alicerçada no amor. Desfrutei de todas às regalias concernentes de uma criança. Tive muitas oportunidades nesta vida, mas sempre fui visionário com relação a minha terra e seu povo. Sempre tive verdadeira adoração pelas coisas maravilhosas que minha terra-mãe possui. Sempre contemplei e decantei suas belezas: seus infinitos rios, as cachoeiras que pulsam, jorrando águas transparentes, as incontáveis praias de areias branquinhas, a floresta verde e pujante e seu principal personagem, o caboclo índio, que teima em viver em sua terra.
Somos descendentes de um povo de luta, de caráter e personalidade determinada em busca da sobrevivência, sem jamais agredir e destruir o ambiente em que vive. Somos todos mawé, uma descendência primitiva, que mesmo com vários anos em contato com os ditos "civilizados", preservam, ainda hoje, suas tradições, lendas, mitos e sua língua nativa.
Temos muito a aprender com esses nossos irmãos da floresta, devemos a eles, a tradição de nossas lutas e o chão que nascemos.
A convivência do ser homem com a natureza, deve ser uma prática harmoniosa e respeitosa; isso nossos irmãos mawé já fazem a muitos anos. O índio não agride a natureza, convive em paz e retira dela, todas suas necessidades de sobrevivência, isso é sabedoria. Em minhas veias e artérias, corre um pouco desse sangue precioso de heróis e isso me deixa vaidoso e orgulhoso.

Às belezas da vida se sobressaem em Maués. O nascer do sol é um espetáculo. De manhã, no final da Ponta da Maresia, pode-se e deve-se contemplar a grandiosidade de Deus, o sol, que aos poucos, surge por entre os galhos das árvores, refletindo seus raios, nas águas tranqüilas do rio  dando brilho e vida, as areias brancas e finas da praia completam o cenário mágico.
As águas do Rio Maués Açu, é outro capricho da natureza, suas suaves ondas, beijam a margem da praia, num ritmo de balé clássico.
É na Ponta da Maresia que às emoções se manifestam.
A alegria, a felicidade e o privilégio de poder estar num lugar de raras belezas e junto com o ar das manhãs, respirar e sentir a presença de Deus, um clima de confiança, de descontração. Um êxtase que somente naquele lugar é capaz de se sentir e se viver. É o encontro com a paz e a felicidade, que extravasam de dentro de nossas mais profundas entranhas, o nosso mais profundo sentimento, o sentimento do Amor. É poder sentir Deus através de tanta beleza e suavidade. Esses momentos, são privilégios de quem vive em Maués ou aqui vem em busca deste contato tão extraordinário, o homem e a natureza.
A vida humana contemplando e sentindo toda a pureza gratuita da bondade de Deus. A beleza não pára, a Praia de Vera Cruz, selvagem, que ainda preserva suas características primitivas, onde o homem inescrupuloso, felizmente, não deu o ar de sua graça.
A vida em Maués corre mansa e tranqüila. Quase todas as pessoas se conhecem. Um bom dia aqui, outro acolá e a vida vai se caminhando, é o jeito hospitaleiro de seus habitantes.

Todos os dias de verão, é indispensável o passeio matinal pela orla do Rio Maués. É aconselhável iniciar a caminhada na Avenida Dr. Pereira Barreto até o final da Avenida Antarctica. Deve-se caminhar lentamente, observando cada detalhe ao longo do itinerário. Abra os ouvidos, ouça as canções dos pássaros, cumprimente às pessoas que encontrar, toque nas folhas, sinta o orvalho que ainda goteja, contemple o céu, admire o imenso rio, esqueça de todos os seus problemas. Pense somente na paz, na alegria e no amor. Mantenha o seu coração repleto de humildade e aceitação. Respire vagarosamente, ouça o respirar da vida e sinta o vento da esperança tocar o seu corpo.
Isso é viver em Maués.
Na volta, desça até a Ponta da Maresia. Ao chegar na praia, pise na areia com os pés descalços, molhe seus pés e por fim, dei um mergulho no rio. Olhe para o horizonte e desfrute da beleza do nascer do sol.

Contemple, pense em coisas positivas para sua vida e de seus semelhantes. Mentalmente, reflita em tudo que você já fez. Reconheça seus erros, perdoe seus possíveis inimigos e peça humildemente, que Deus remova todos seus defeitos e que implante em seu coração, o amor. Você entrará em transe com o seu "eu" interior. Busque dentro de você mesmo, a paz e a felicidade de um mundo imaginado e decantado por todas àquelas pessoas que amam a vida e seus irmãos.
Se sentir vontade de chorar, chore, desabafe. Se sentir vontade de gritar, grite, role na areia, se solte, você está no paraíso chamado Maués.

A felicidade se prolonga à tardinha. Caminhando, a pé ou de bicicleta, percorra novamente toda a extensão que se fez pela manhã, A cada passo ou pedalada, seus olhos desfrutarão de mais belezas: o pôr do sol, o imenso azul do rio, o revoar dos pássaros, o vento a soprar mansinho a entoar canções de amor. Tudo isso e muito mais é viver em Maués.
É por isso meus queridos, que todos os que aqui vivem, somos responsáveis pela preservação de tanta beleza.
Todos os dias, agradeço a Deus por ter o privilégio de ser filho de Maués e aqui poder viver. A minha paixão por este chão, onde hei de morrer, é inexplicável com palavras, é

uma Paixão Sem Fim.

Maués-Am; 24 novembro 2000 - sexta-feira - 10:12 h

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