quarta-feira, 25 de abril de 2012

JOVENS – ABANDONADOS NA PRÓPRIA SORTE!

*Por Marcello Cardoso

Quase todos os dias morrem jovens e adolescentes em nosso estado. Essas informações não são de nenhum país em guerra no Oriente Médio ou de uma nação africana em situação de miséria. Esses dados são do Amazonas! Isso mesmo, um verdadeiro genocídio juvenil acontece em nosso estado, sob os nossos olhos. E o mais grave, não é muito diferente dos outros estados brasileiros. Segundo o Mapa da Violência 2011 - Os Jovens do Brasil, estudo realizado pelo Ministério da Justiça por meio do Instituto Sangari, divulgado há algumas semanas, vem crescendo nos últimos anos o número de mortes violentas de adolescentes e jovens em nosso estado. A primeira reação que o bom senso indicaria diante destes dados seria a de uma profunda comoção social. Contudo, lamentavelmente, o sacrifício desses milhares de meninos e meninas vitimados pelo tráfico, pela droga, pelo trânsito, enfim, pela amoral exposição de nossos rapazes e moças à violência, tem passado quase invisível pelos registros diários das ocorrências policiais nos jornais. Em sua maioria, eles não são de classe média ou alta, não são filhos de autoridades ou empresários, nem parentes ou amigos de quem os lê. Não. São, em geral, pobres, negros, homens em formação e moradores da inóspita periferia dos bairros das grandes e das pequenas cidades. O fato demonstrado pelos números é o abandono de nossa juventude à própria sorte, praticamente sem alternativas para escapar dessa terrível violência. Falta um ambiente sadio para crescerem. Faltam oportunidades de acesso à educação de qualidade, falo da educação como um todo, à cultura, ao esporte e ao lazer. Falta poder aquisitivo para realizar os sonhos materiais que a TV lhes influi diariamente, mas que só são possíveis aos que tiveram a sorte de terem nascido nas classes sociais mais altas. Ao invés do acesso a direitos sociais básicos de cidadania, lhes sobra o risco cada vez mais provável das drogas, a socialização por meio da marginalidade das “galeras”; sobram a violência da polícia e dos bandidos e, como se não bastasse, resta-lhes a apresentação diária nos programas policiais como culpados e não como vítimas desta infelicidade. É preciso admitir que nossa sociedade está matando esses jovens e que a crônica incapacidade dos poderes públicos em prevenir a violência continuará produzindo mais mortes. Fico pensando no que aconteceria se essas vítimas fossem advindas das famílias que têm algum poder na sociedade. Com certeza, já teria havido uma revolução. E o que vejo como mais grave é que há uma incurável acomodação, como se as tragédias que revelam estes números não pudessem ser evitadas, como se sua prevenção não dependesse de decisões relativamente simples, como construir e colocar para funcionar escolas de tempo integral onde esses jovens moram. Não basta somente construir quadras e outros equipamentos esportivos associadas ao ensino e estímulo a prática desportiva. Ou ainda viabilizar o acesso a arte e a cultura, é necessário intensificar os programas sociais, torna-los mais ativos, ou até mesmo criar programas e boas iniciativas de gestão municipal. A única reação digna a esses dados é a mais dura e imediata cobrança aos poderes públicos e o envolvimento de toda sociedade na criação dessas condições básicas de cidadania. E a ação urgente dos Governos, em todos os níveis, para criá-las. Fora disso, nossos jovens lamentavelmente ficarão abandonados à própria sorte.

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