terça-feira, 27 de setembro de 2011

A OPERAÇÃO CONTRA A PEDOFILIA EM MAUÉS

Pedofilia em Maués/Publicado no blog Afinsophia‏
19:22
terça-feira, 27 de setembro de 2011 19:22
E OS SÉCULOS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTO-JUVENIL NOS INTERIORES AMAZÔNICOS

Publicado terça-feira, 27 setembro, 2011 
“O pior crime dos homens maus é interromper a infância das crianças.” Jean-Luc Godard

Desde que Jorge Bodanzky e Orlando Senna fizeram o cinema-documentário Iracema, uma transamazônica, que davam uma demonstração do abandono dos interiores amazônicos, vão-se 35 anos. Miséria e prostituição de todas as formas, entre elas a prostituição infanto-juvenil, da qual participa a protagonista, Iracema. Talvez o quadro tenha sido retocado com as cores da sofisticação, mas o crime continua seguindo a mesma linha da perversidade.

Pode-se dizer que tal crime contra crianças e adolescentes passa a existir desde que os europeus descobriram que podiam trazer para terras nunca dantes navegadas suas taras e perversões sexuais há mais de meio milênio atrás. Passando pela transamazônica, são criadas redes de exploração sexual infanto-juvenil envolvendo respeitáveis senhores e há uma banalização da prática na internet. Apenas com a criminalização da pedofilia, a prática dessa exploração vai saindo da banalização. Mas a saturação do mesmo enunciado de violentação histórica continua.

UMA PERVERSA REDE DA PEDOFILIA EM MAUÉS

No último sábado, em Maués, interior do estado do Amazonas, há 267 quilômetros de Manaus, desde que um homem chamado Ivonélcio foi preso, acompanhado de uma garota de 14 anos, em flagrante no motel Sonic no sábado passado (24), foi desencadeada uma operação para investigar uma rede de pedofilia no município.

A operação foi desencadeada porque a menor afirmou à polícia que já havia praticado o programa outras vezes e falou de outras garotas que também participavam, além de apontar o homem que a agenciava. A polícia logo descobriu que apenas este homem trabalhava com dez garotas. E logo descobriu que havia mais dois agenciadores.

Segundo Mário Melo, delegado em exercício em Maués, crianças e adolescentes de 11 a 15 anos eram recrutadas pelos agenciadores, e cobravam valores entre R$ 30 e R$ 100 aos acusados por programa com as mesmas. Aumentando o fetiche patológico-desviante, se a menina fosse virgem, o preço subia até R$ 1 mil.

Até ontem à tarde, por fazer uso da criminosa rede, nove pessoas haviam sido presas, entre empresários, comerciantes e servidores públicos. Um dos agenciadores encontrava-se foragido. A proprietária do motel Sonic encontra-se entre os presos.

Segundo se sabe, um dos presos também é um músico conhecido na cidade. O delegado chegou a afirmar que podem existir políticos envolvidos, mas não pode tornar público outros detalhes, uma vez que o juiz da Comarca de Maués, Luilton Pio Almeida, emitiu os mandados de prisão, decretando que o inquérito corresse sob sigilo.

Segundo ainda o delegado, os acusados responderão pelos crimes de Estupro de vulnerável, Prostituição Infantil e Formação de quadrilha.

UMA TESSITURA HISTÓRICA DA PERVERSÃO

Em vários textos neste bloguinho já foi analisado que a pedofilia não passa de uma doença sexual do adulto infantilizado, que não tem qualquer maturidade sexual e, por isso, perverte-se violentando crianças e adolescentes. Mas não é apenas uma questão psicológica. Por outro lado, há toda uma realidade objetiva massacrante que corrobora com permite e insufla esses sintomas a se manifestarem. A realidade social das cidades e interiores do Amazonas e de outros estados do Brasil e outras cidades do mundo.

Aquela miséria apontada em Iracema, uma transamazônica, continua no Amazonas há décadas devido ao abandono dos interiores do estado, e continua casada com a exploração de todos os tipos, entre elas a exploração sexual contra crianças e adolescentes. Pedofilia.

Além da ineficiência e inexistência dos serviços públicos, não há qualquer projeto pelo governo do estado – sendo que a grande maioria dos prefeitos dos interiores é correligionário do governador – para auxiliar no desenvolvimento saudável das crianças.

Portanto, a pedofilia não é apenas fruto da perversão de adultos com sexualidade encruada e desviante, mas da impossibilidade, em nossa sociedade, de grande parte dos homens de amar, ou seja, de atuar na construção de uma cidade fundada num outro tipo de rede onde os pedófilos não encontrem crianças tão segregadas e violentadas pela família e pelo Estado. Uma rede democrática com laços materiais e imateriais que permitam às crianças um desenvolvimento natural de suas faculdade físicas e mentais. Tudo que os tiranos não desejam. Mas se os tiranos não desejam…

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