terça-feira, 14 de junho de 2011

O FIM DE UM SONHO



































Ordem das fotos: 1. Local onde Cleidson foi baleado, ficaram as marcas dos projéteis na cerca de madeira 2. Faixa em homenagem a Cleidson 3. Urna com o corpo de Cleidson 4. Detalhe, foto de Cleidson 5. Trecho da Rua Dorval Borges com faixas pedindo paz e justiça.


Por Aldemir Bentes de Maués
terça-feira, 14 de junho de 2011

Quando nascemos, nossos pais sonham com uma vida digna e longa para nós. Nossos pais, não medem esforços para nos dar o mínimo possível para nossa sobrevivência. Sonham nos ver crescidos, adultos, realizados e dando continuidade a sua descendência.
Nossos pais nos acompanham desde o momento de nosso nascimento, quando damos os primeiros passos, quando pronunciamos as primeiras palavras, quando sorrimos, quando vamos para o nosso primeiro dia de aula, quando fazemos estripulias. Enfim, somos ovacionados e passamos a ser a maior atração para nossos familiares.

Assim foi a vida de Cleidson Antonio Souza, 21 anos – carinhosamente chamado de Bolinha. Ele já nasceu com um problema de saúde, tinha problema mental. Mesmo assim, não era diferente, era ESPECIAL. Cresceu sob a atenção e cuidados de seus pais e familiares. Mesmo com a mentalidade limitada, isso não impediu que ele se tornasse um TRABALHADOR exemplar.

Trabalhava e adquiria seus próprios bens. Comprou seu triciclo, assinou a TV Skay, começou a construir um barracão anexo de sua casa. Era conhecido e amado em todo o Bairro Donga Michiles e outros bairros da cidade por onde passava vendendo peixe. Trabalhador incansável, ajudava seus pais e dava alegria para todos aqueles que o conheciam. Menino exemplar, jamais se envolveu em nenhuma confusão. Por conta de sua deficiência, era inquieto, queria concluir tudo que começava, o mais rápido possível. Não saia à noite, até para comprar um churrasquinho, um pão, pedia para seu irmão menor fazer por ele.

Mas...uma fatalidade o calou para sempre. O fim de sua vida e de seu sonho foi decretado por um despreparado, inescrupuloso, arrogante policial militar chamado José Wilian Almeida. Bolinha foi abordado e executado por este policial ao lado de sua casa. Sem chance de defesa e mesmo sem reagir a abordagem, recebeu um tiro em sua cabeça que o calou para sempre.

A flor murchou...ficaram as cicatrizes nos corações de seus sofridos pais, irmãos e amigos...A medicina fez o que estava ao seu alcance, mas, não conseguiu reanimar e trazer de volta a vida de Cleidson.

Seus pais e irmãos agora clamam por justiça. Que se faça e promova a justiça. Que esse crime não caia no esquecimento e nem na impunidade. Que este péssimo exemplo de um policial militar, que ENVERGONHA toda uma corporação, seja punido exemplarmente, pois ele só provocou tristezas, revolta e indignação na sociedade de Maués.

Queremos justiça, paz e tranqüilidade para nossa comunidade. Não devemos promover a violência, mas queremos JUSTIÇA!

Hoje o seu corpo será sepultado às 04 horas da tarde. Que a população transforme sua revolta e indignação em pedido de justiça e PAZ. Que ninguém promova ou incita a prática da violência. A violência deve ser repudiada, evitada.

Que Deus possa confortar a família do jovem Cleidson e que as boas lembranças de sua passagem aqui entre nós, sejam as lembranças alegres, de superação e de trabalho.

Mãos imprudentes e mente doentia interromperam o sonho de uma vida no dia 05/06/2011, manchando de tristeza, centenas de corações já sofridos pelas desigualdades que a vida oferece.
CLEIDSON ANTONIO CORREA SOUZA – 02/06/1990 a 05/06/2011.
Pai: Raimundo Clodoaldo Barbosa de Souza
Mãe: Viviane Cavalcante Correa.

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